Tiro no pé – confira quais são os “migués” mais conhecidos na hora de montar o currículo

Uma mentirinha aqui, um ‘miguézinho’ ali. Quem nunca? Mais comuns do que se imagina, as famosas ‘turbinadas’ no currículo são a escolha que muita gente faz para parecer melhor qualificado no momento de se apresentar ao empregador ou empresa na briga por uma vaga de emprego. Mas atenção! Se você costuma recorrer ao bom e velho “dolangue” para se destacar no mercado de trabalho saiba que, tanto as empresas, quanto a própria justiça trabalhista, andam de olho nos espertinhos de plantão. Prova disso? A demissão recente, por justa causa, de pelo menos 4 funcionários de empresas do interior de São Paulo que mentiram em seus históricos profissionais. No Paraná, apesar de nenhuma demissão ter sido registrada por esse motivo até agora, vale pensar duas vezes antes de ‘confeitar’ o currículo. O alerta vem do próprio judiciário.

Falsa fluência em idiomas, graduações inventadas, habilidades nunca desenvolvidas. Esses são apenas alguns dos itens sobre os quais o brasileiro mais costuma mentir na hora de apresentar o currículo. Dados divulgados recentemente pela multinacional RH Robert Half, especializada em recrutamento, revelam que 42% dos trabalhadores do território nacional colocam informações falsas em seus históricos profissionais. Ainda segundo a pesquisa, 75% dos diretores de grandes empresas do país afirmaram já terem excluído candidatos de processos seletivos por esse motivo.

Insegurança, desespero ou falta de confiança “no próprio taco”? Afinal, o que leva tanta gente a
mentir suas qualificações profissionais? Para a professora do curso de administração da FAE e especialista em recursos humanos, Andrea Bier Serafim, a resposta está na forte concorrência entre candidatos para as poucas vagas disponíveis no mercado. “As pessoas sabem que as empresas costumam contratar aqueles com melhor capacitação e experiência.

Por isso muita gente acha que dar aquela ‘melhoradinha’ no currículo é a saída”, afirma. Para a especialista, no entanto,atática não é indicada. “É como dar um tiro no próprio pé. Primeiro porque se uma mentira é descoberta, todo o resto do currículo pode ser questionado e segundo, porque isso pode sim, acarretar em demissão por justa causa e até abertura de processo judicial”, ressalta.

Justa causa
Em São Paulo, dois processos julgados há pouco tempo confirmam que o judiciário anda mesmo atento à questão. No mais recente, registrado na cidade de Campinas, o desembargador Manoel Soares Ferreira Carradita, da 2ª Seção de Dissídios Individuais do TRT do município, entendeu como legítima a decisão de uma empresa que demitiu um funcionário por mentir em seu currículo. A descoberta aconteceu por meio de uma denúncia anônima, dando conta de que o trabalhador não tinha segundo grau completo, premissa essencial para o cargo que ocupava como operador de máquinas desde 2007. Além disso, os gestores também descobriram que o mesmo funcionário, na época da contratação, apresentou um diploma escolar falso. Foi o que bastou para que ele fosse mandado embora sem receber garantias trabalhistas.

Ainda no interior de São Paulo, no município de Hortolândia, outra juíza do trabalho deu ganho de causa a uma empresa do setor metalúrgico que demitiu três funcionários que também mentiram o grau de escolaridade. Todos eles trabalhavam há mais de cinco anos na companhia.

Marcação cerrada!
Cada vez mais especializadas em identificar fraudes, tanto as empresas de recrutamento quanto os próprios departamentos de recursos humanos das corporações têm investido em recursos para detectar quando um funcionário em potencial está, de fato, falando a verdade. Quem pensa, porém, que os métodos consistem em investigações mirabolantes está muito enganado.

De acordo com a professora do curso de administração da FAE e especialista em recursos humanos, Andrea Bier Serafim, fontes simples porém muito utilizadas por recrutadores – para saber mais sobre quem está sendo contratado, são as redes sociais. “Linkedin, Facebook, Instagram. As redes sociais são como uma extensão da pessoa e falam muito sobre o perfil do candidato. Muita gente não dá atenção para isso mas, muitas vezes, é por ali que os recrutadores e baseiam para verificar se o comportamento da pessoa condiz como que ela apresentou na entrevista de emprego”, revela.

Outra técnica bastante comum é pedir ao candidato informações a respeito da vida acadêmica, como detalhes sobre os cursos que firma ter feito e o nome dos professores da instituição.

“Nessa hora muitos se entregam pois não sabem o que responder ou inventam qualquer história. Como os recrutadores já pesquisaram previamente, fica fácil identificar a mentira”, diz.

Confira quais são os quatro “migués preferidos” dos brasileiros na hora de montar o currículo:

1-Experiência
Líder do ranking, o nível de experiência é o assunto sobre o qual os candidatos mais costumam mentir nas entrevistas de emprego. Segundo pesquisa realizada pela empresa recrutadora multinacional Robert Half, 56% das pessoas afirmam ter mais vivências profissionais do que realmente possuem na prática.

2-Graduação
Em segundo lugar, o nível de escolaridade também faz parte das maiores mentiras apresentadas noscurrículos. De acordo com o levantamento, 46% dos candidatos não têm a graduação que afirmam no histórico profissional.

3-Habilidades técnicas
Falar que exerceu uma função, quando na verdade ocupou outra ou pior, afirmar saber realizar tarefas ou utilizar programas que não faz a menor ideia como funcionam. Segundo a pesquisa, 44% das pessoas mentem sobre suas habilidades técnicas.

4-Idiomas
Por último, a fluência em outras línguas ocupa o quarto lugar do ranking das mentiras, como opção de 39% dos candidatos.

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